top of page

Uma Carta de Amor às Mulheres da Cultura Pop

Atualizado: 28 de fev. de 2020

Celebrando as lutas sócias e trabalhistas femininas ao longo dos anos, hoje (8 de março) é celebrado em todo o mundo o dia internacional da mulher. Mulheres estas que enchem nossos olhos e corações no cotidiano, e que devem ser homenageadas e adoradas todos os dias. Na seara da cultura pop, grandes permeiam os jogos, como Lara Croft e Sonya Blade, e principalmente as grandes telas da TV e do cinema.

Inspirado por isto, vamos relembrar brevemente a trajetória feminina em algumas grandes obras da cultura pop:

Princesa Leia, e as Mulheres de Star Wars

Comparação entre o pôster alemão de 1914 sobre o dia internacional da mulher, e uma imagem celebrativa da Princesa Leia para o mesmo dia.

 Desde sua criação em 1977, a franquia Star Wars esteve rodeada de polêmicas e controvérsias sobre representatividade. No entanto, deve-se lembrar que da primeira à última cena, houve grande força dada para as grandes personagens femininas desta galáxia tão distante. A primeira cena do primeiro filme já nos mostra isto com a princesa rebelde Leia Organa, enfrentando cara a cara o temível Darth Vader, mostrando desde então ser a personagem mais destemida da saga, que resistiu às torturas, manteve a calma ao ver seu planeta natal sendo destruído e cresceu ao ponto de se tornar senadora, general e um dos nomes mais fortes da galáxia.

Nos demais filmes, mesmo com a ausência de nossa princesa, diversos outros nomes surgem inclusive protagonizando os filmes da saga espacial dos Skywalkers. Rey, a nova queridinha dos nerds de George Lucas, em dois filmes cresceu com um carisma e força tamanha que sustenta a carga central de uma nova trilogia. Em Rogue One, o primeiro Spin-off da franquia, Jyn Erso novamente confirma que no espaço a força feminina grita mais alto, capaz de liderar, lutar e vencer qualquer obstáculo que esteja a frente.

Seja em Leia, Rey, Jyn, Mon Mothma, Padmé ou as mais recentes Qi’ra e Phasma, Star Wars nunca teve de apelar para corpo ou sensualidade em retratar suas personagens femininas. Quase sempre com a ausência de maquiagem ou roupas provocativas, sua representatividade é louvável e um exemplo a ser seguido em quaisquer plataformas similares.


Galadriel, Arwen e as Mulheres de Senhor dos Anéis

Assim como a franquia das estrelas, o mundo medieval de Tolkien sempre foi um grande celeiro de discussões sobre sua representação feminina, mas de forma oposta. Fruto de uma época antiga e retrograda, os livros do grande mestre da fantasia beiram a inexistência de personagens femininas em suas páginas. No entanto, quando adaptadas no novo século, o diretor Peter Jackson optou por atualizar este pensamento e inserir cada vez mais as grandes personalidades femininas que careciam de desenvolvimento no material original.


Amada por unanimidade entre os fãs, a elfa dos bosques Galadriel demonstra força, poder e um empoderamento intimidador que faz mesmo os mais destemidos guerreiros abaixarem a cabeça. Mesmo sem qualquer recurso apelativo, a sedução da personagem noldor é tamanha ao ponto de fazer o grande guerreiro anão ganhar o dia por ganhar 3 fios de cabelos de suas douradas madeixas.

Mas não apenas de Galadriel se firma o cor da terra média. Arwen, filha de Elrond, ganhou cenas e falas que eram de outros personagens nos livros de Tolkien, tornando-se uma peça chefe para a saga do anel. Além disto, seu arco individual mostra coragem e determinação ao abdicar da imortalidade nas terras sagradas para ficar ao lado de seu amado Aragorn, demostrando poder de decisão e firmeza de seus princípios. Mas sem dúvida alguma, a importância feminina da saga da terra média tem seu momento de fervor em Eowyn, a princesa que no melhor estilo Mulan se infiltra no exército de Rohan se fingindo de homem, e chega a matar sozinha o grande rei bruxo que não poderia ser morto por nenhum homem.


Daenerys Targeryen e as Mulheres de Game of Thrones


Como um pupilo direto e assumido de J. R. R. Tolkien, George R. R. Martin evolui alguns conceitos de seu inspirador, criando no universo das Crônicas de Gelo e Fogo, uma saga completamente diversificada e sustentada por fortes nomes femininos. Seja nos livros ou nas telas, a saga deste mundo de dragões acompanha Daenerys Targeryen indo de uma simples marionete de seu irmão até uma grande rainha capaz de liderar exércitos, liderar escravos e intimidar qualquer ser que esteja em seu caminho. Colecionando títulos por onde passa, a Mãe dos dragões cada vez mais se firma como um novo molde de protagonismo feminino moderno, com poder de persuasão e dominação completamente independente e determinado.

Ao sul deste mundo fantástico, a Rainha Cersei Lannister equipara em seu desenvolvimento e evolução ao manipular e arquitetar esta dança dos tronos, passando por um casamento sufocante, humilhação pública e toda qualidade de descrédito, até erguer-se ao poder como uma personagem respeitada e identificada seja por admiração ou temor. Já ao norte, as crianças de Ned Stark caminham representadas por Sansa e Arya, com arcos de equivalente crescimento e empoderamento. Se de um lado a mais velha das irmãs passa a finalmente se libertar de uma cabeça mimada e mais conservadora, passando a enxergar e julgar os reais culpados das desventuras de sua vida, sua irmã mais nova passa por uma jornada sanguinária de crescimento e vingança pelas terras medievais de Westeros. Caminhando para os últimos episódios, cada vez mais a trama se sustenta nessas quatro fortes personagens, acompanhadas de outras tão louváveis como Brienne, Lady coração de pedra, Elarya e várias outras.


Luz, Câmera e Mulheres em Ação


Retornando aos anos 70, o visionário diretor Riddley Scott surpreendia a todos com o clássico suspense Alien – O oitavo passageiro, onde presos em uma nave cargueira, os tripulantes seriam caçados um a um pelo xenomorfo mais temido do espaço, até sobrar apenas a corajosa Elen Ripley. Mas foi somente na década seguinte, pelas mãos de James Cameron, que Aliens – O Resgate apresentou Ripley como a mais Badass do espaço. Guiada por seu instinto materno, Ripley enfrenta sozinha uma orda alienígena de pele impenetrável e sangue ácido, ficando cara a cara com a rainha dos xenomorfos e mandando o lembrado: “Sai de perto dela, sua vadia!”. A comoção foi tamanha ao ponto da personagem até hoje servir de guia como um grande modelo precursor de protagonismo feminino não-apelativo de força, coragem e determinação.

Ainda pelas mãos de Cameron, o mundo conheceria uma nova heroína encarnada por Linda Hamilton em Exterminador do Futuro. Apesar do primeiro longa trazer Sarah Connor como uma simples vitima a fugir do grande T-800, em 1991 a sequência desta ficção científica a apresenta como uma guerreira preparada, treinada e pronta para o apocalipse. O crescimento de Sarah é talvez o mais marcante da história do cinema, indo de uma assustada garota de subúrbio até uma matadora de androids que atira de escopeta com apenas uma mão.

Assim, após a aurora de Cameron e suas grandes protagonistas, uma horda de filmes de ação protagonizados por mulheres surgiram apresentando Lara Croft, Trinity (Matrix), Atômica, Bellatrix Kiddo (kill bill), Panteras e a grande Imperatriz Furiosa (Mad Max: Estrada da Fúria). O que antes era um gênero mais divisivo e ligado ao público masculino, cada ano cresce mais com grandes obras de mulheres detonando e chutando bundas por aí.


Capas, Máscaras e as heroínas que vieram dos quadrinhos


Durante anos, enfrentando produções escassas e de baixo orçamento, os filmes de super-heróis patinavam em produções pontuais até virar a grande febre que permeou os cinemas nestes últimos 10 anos. No entanto, as produções protagonizadas por heroínas recebeu um agravado maltrato e uma mais tardia aurora até se estabelecer nas telas.

Iniciando em 1984, Jeannot Szwarc dirigiu Supergirl, que seria uma espécie de spin off do filme Superman de 1978. Protagonizado por Helen Slater (que atualmente interpreta a mãe da heroína na homônima série), o longa sofre com efeitos precários, roteiro arrastado e completa falta de carisma dos personagens.

Arrasada pelo completo fracasso do longa, a casa das lendas só viria a trazer outra heroína para as telonas 20 anos depois, com Helle Berry interpretando a Mulher Gato. Aparentemente, nada é tão ruim que não possa piorar. Acompanhada do longa Elektra, que saia pela concorrente no ano seguinte, as heroínas do cinema colecionavam framboesas de ouro e rígidas críticas, criando um paradigma de que seus filmes nunca dariam certo. Isto causou uma ausência de produções por mais 12 anos nas telonas.

Até então, porém, fortes coadjuvantes surgiam nos filmes dos grandes heróis. Apesar do desastre causado pelo filme com Helle Berry, a mulher gato vinha de grandes interpretações por Michelle Pfeiffer e Anne Hathaway. Do outro lado, a pequena Hit-Girl ganhava a cabeça do público que clamavam por um filme solo da pequena heroína. Na casa das ideias de Stan Lee, a viúva negra Natasha Romanoff era apresentada em 2010 e integrava em 2012 a equipe dos maiores heróis da terra.

Chegando em 2015, duas tímidas produções com protagonistas femininas extraídas dos quadrinhos chegavam pelas telinhas. Jessica Jones e Agente Carter, traziam bons ares de que era possível, e acima de tudo, era preciso uma heroína que guiasse e inspirasse as fãs do gênero. Mas somente em 2017, Gal Gaddot, sobre a direção de Patty Jenkins, nos apresentou Mulher Maravilha como o primeiro bom filme de super-heroína dos cinemas.

Infelizmente, o filme não era perfeito e contava com uma série de defeitos que o tiravam da lista de melhores filmes do gênero. No entanto, mesmo o roteiro arrastado e o antagonista medíocre não foram capazes de tirar o brilho do longa que pela primeira vez trazia o fervor do sentimento de finalmente estar tendo uma representação mesmo que tardia.

Outras representações retornariam ao posto coadjuvantes marcantes com a febre da Arlequina em Esquadrão Suicida, Gamora em Guardiões da Galáxia, a Vespa em Homem-Formiga e Vespa, Shuri em Pantera negra e tantas outras que seguem no aguardo de seus filmes solos ou, quem sabe, um grande filme de equipe centrado apenas nestas amadas heroínas

Este ano, o protagonismo se repete na casa das ideias com o grande longa da Capitã Marvel, cuja crítica sem spoillers pode ser lida Aqui . Claro que grandes personagens ficaram de fora como Hermione Granger, Katiniss Everdeen, Nora Durst e diversas outras de filmes, séries e animações que permeiam e aquecem este mercado que ainda carece de uma representação mais digna, massiva e respeitada. Alguns meses depois, a união entre a Capitã e toda a horda de super heroínas da Marvel, em homenagem à Viúva Negra, se uniriam em uma cena épica de Vingadores: Ultimato, nos dando a esperança de quem sabe um dia vê-las como uma equipe fixa.



O Pipoca de Pedra dedica este texto inteiramente a vocês, mulheres, e um feliz dia da mulher todos os dias.

Comments


ENVIE-NOS SEU FEEDBACK E SUGESTÕES

  • Facebook
  • SoundCloud ícone social
  • Twitter
  • YouTube
  • Instagram
  • Spotify ícone social

Um site da equipe .X

bottom of page