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Star Wars Ep. IX: O Filme Que Não Melhora Com o Tempo

Atualizado: 28 de fev. de 2020

Há quem achava que midclorians era o fundo do poço dentre as decepções aos fãs de Star Wars. Após 42 anos, o fechamento da saga chega como a queda final em uma ladeira com altos e baixos. O fechamento da terceira trilogia mais do que nunca dividiu os fãs e gerou uma onda de desaprovação como nunca antes vista.


Passando pela negação, onde tentamos nos forçar a acreditar que o filme seja bom; indo pra raiva, onde condenamos JJ, Kathleen Kennedy e a Disney pelo fiasco; indo pra barganha onde fora exigida versões do diretor do filme; até a depressão de sentir a dor do que poderia ser feito, e por fim, a aceitação. Após as fases do luto, vendo a poeira abaixar e o filme podendo ser revisto com mais calma e uma cabeça mais fria, eis a surpresa. Ele não melhora.


Desde 2015 vemos uma repetição da trilogia clássica, para que fosse possível reconquistar os fãs antigos da saga e apresentar os conceitos e mensagens básicas para uma nova geração. Em O Despertar da força, somos apresentados ao trio principal sendo retirados de seu espaço comum para a aventura, tendo a negação do chamado, a morte do mestre, o confronto com o vilão e a recompensa. Toda a jornada do herói estava ali repleta de referências, rimas narrativas e até mesmo uma nova estrela da morte e um novo Darth Vader.


Em Os Últimos Jedi, os ecos de O império contra-ataca traziam um novo mestre exilado, o duro treinamento Jedi, o confronto com a escuridão interna e uma vitória dos antagonistas. Portanto, não poderia ser diferente em Ascensão Skywalker ao tentar replicar O retorno de Jedi, ao mostrar o grande protagonista encontrando a redenção em seu arco (se o Vader retorna a ser Jedi, como diz o título, Bem Solo ascenderia como um Skywalker).


O conceito em si era completamente inevitável, por mais que ao final do filme anterior a morte do Supremo Líder Snoke colocasse Kylo como o grande antagonista dos rebeldes. No entanto, uma grande briga de diretores na tela estaria presente para conseguir bagunçar completamente em 3 filmes, uma tentativa de coesão narrativa que a Marvel havia conseguido em 23 longas. Para acertar tais pontas, vamos repassar um pouco dos três atos do filme, e q ue a “forçação” de barra esteja com você.


O PRIMEIRO ATO


Uma das coisas que mais ansiava os fãs desde os primeiros trailers era tentar descobrir como Palpatine retornaria. Já que, como dito, Kylo ao se tornar o grande antagonista da história precisaria de um vilão maior para alcançar sua redenção, os fãs aguardavam um arco mostrando este retorno, talvez com flashbacks do final do sexto episódio e uma tensão crescente na ameaça. Mas em troca, tudo que foi apresentado foi que o lado negro mexe com coisas sobrenaturais. Ele sobreviveu a queda por estes anos? É um clone feito pelos cultistas? Foi revivido pela força? Bem. Provavelmente nunca saberemos.


Também nunca saberemos como este mesmo imperador, após ser destruído por raios e tornando uma horrenda representação do lado negro aos 80 anos, teve filhos e netos, ou como após ter conseguido enganar e convencer toda a galáxia, incluindo o conselho jedi, mestre Yoda e todos ao seu redor, não conseguiu convencer sua própria cria. Isto acarreta na primeira grande alfinetada entre diretores, onde no filme anterior Kylo via através da força que os pais de Rey não eram ninguém, e a haviam vendido para comprar bebidas, mas não conseguia ver que eram filhos do maior genocida da galáxia (inclusive, Rey mostra-se bem fria para quem está descobrindo ser neta do Hitler espacial).


Por mais que doa aos fãs, é preciso admitir que George Lucas faz falta na franquia. Apesar dos filmes 1 a 3 causarem certo desgosto em alguns pontos, eles ao menos respeitavam a mitologia criada, e principalmente não influenciavam nas questões resolvidas nos outros filmes. Agora, o simples retorno de Palpatine mais poderoso do que nunca, basicamente acaba com todo o arco de sacrifício dos rebeldes e de Anakin Skywalker tornando tudo aquilo em vão.


Se antes a redenção de Anakin era nos apresentada de forma gradativa e com fortes motivações ao retornar para quem ele era, aqui a redenção ao guerreiro que após matar o pai, causar a morte da mãe, abrir o filme causando um massacre em criaturas inocentes, tentando matar a mulher que ele supostamente ama... É algo que poderia ser melhor construído, sem dúvidas.


Ainda sobre a questão de desrespeito ao clássico, é sempre aceitável aprimorar e evoluir objetos e personagens para que a história cresça em suas ameaças e batalhas. No entanto, ao utilizar a Millenium Falcon, que sempre foi dita como um pedaço de lixo ambulante que sempre enguiçava ao tentar o salto na velocidade da luz, e fazê-la dar cinco saltos seguidos de forma tranquila, ultrapassa um pouco os limites. E em acréscimo, pegar esta manobra de saltar dentro de um planeta, que era algo extremamente especial feita por Han Solo, por ser o piloto mais experiente da galáxia, e tornar em algo fútil que não apenas Poe Demeron consegue fazer com facilidade, mas as Tie fighters, as naves mais básicas do universo, é um grande desrespeito com o que foi criado.


Dentre estas questões mais espaciais, nem os mais pessimistas fãs imaginavam que os problemas de Star Wars atingiram questões de relacionamentos em um clima novelesco vergonhoso. No episódio 7, começamos com Finn apaixonado por Rey, com esta no entanto optando por ser uma guerreira solitária que não precisa ter alguém consigo. No episódio 8, ao mesmo tempo que Rian Johnson criava um clima entre Poe e Finn que levava os fãs à várias teorias e campanhas prós e contras, construía um romance entre ele e Rose, com direito à um quase se sacrificando pelo outro. Neste, ao se negar a fazer o romance homoafetivo pedido pelos fãs, mas por outro lado ouvindo as críticas dos mesmos em desaprovação à personagem asiática, JJ cria pares românticos genéricos e forçados para Poe e Finn, com a profundidade de um pires.


Claro que não dá pra negar que a interação entre os dois e com a Rey foi um grande ponto alto do filme, mais pelo carisma dos atores e construção base dos personagens. Mas por outro lado, esta química cai por terra quando Finn por algum motivo não quer que Poe saiba que este é sensitivo à força, e até se nega a conta-lo seu plano final de ataque.


E ainda sobre a força, que sempre foi a grande mítica deste universo sendo a energia de equilíbrio que mantém o lado claro e sombrio, agora esta passou a ser algo consciente que define as formas de discernimento e bondade das pessoas ao fazê-las não matar inocentes ou fugirem do controle mental do império. Além disto, a força que no episódio anterior havia sido utilizada para sobreviver no vácuo espacial, agora serve como um grande poder de cura, em uma das cenas mais “tutoriais do que vai acontecer no final” do cinema.


E para falar desta fatídica cena da injustificável da cobra do deserto, chegamos à missão de “terminar a busca de Luke Skywalker”. Este, que semrpe foi tido como o maior Jedi do mundo e grande utilizador da força, mas não sentiu o grande artefato Sith a 2 metros de areia abaixo de seus pés. É neste deserto festivo que temos pela primeira vez a estranha mania nova da galáxia, onde todo mundo insiste em perguntar qual o sobrenome de Rey. Mas falaremos sobre isto mais tarde. Agora, vamos analisar um pouco melhor o plano da primeira ordem para capturar Rey viva para o imperador.


Após localizar os rebeldes, Kylo Ren envia duas naves de transporte, com cerca de 10 stormtroopers, e seus temidos cavaleiros de Ren para busca-la no planeta deserto. Mesmo ignorando o fato dos veículos de transporte terem parado lado a lado, e dos temidos cavaleiros ficarem parados juntos em cima de uma montanha olhando para o horizonte, ao invés de se dividir e procura-la, há coisas mais difíceis de engolir. Enquanto Kylo perdia completamente sua sanidade ao tentar matar Rey com sua nave, e sobreviver de forma inacreditável ao capotamento e explosão da mesma, as tropas da primeira ordem capturavam Chewbacca e saiam do planeta, mesmo vendo os maiores generais da rebelião ao seu lado. Após o atrapalhado embate, os rebeldes que escaparam por um simples acaso do roteiro, tem que fugir da chegada das tie fighters (que eram mais rápidas, são veículos de combate, possuem hyperdrive, mas chegaram depois dos lentos veículos de transporte).


Em uma disputa de fato emocionante com o uso pleno da força, e a revelação da tentação ao lado negro de Rey ao usar os raios, temos o primeiro respiro de qualidade do filme. Rey teria matado Chewbacca, em um ato que atormentaria a personagem e poderia fazê-la balançar entre o lado da luz e o lado negro, como Luke. No entanto, assim como Kylo Ren possui uma incrível resistência de roteiro para morrer, Chewie continua vivo (sem motivos), e Rey que mais tarde o sentiria há quilômetros acima no espaço, não o sente na nave que está ao seu lado. E dessa forma covarde e desastrosa, encerramos o primeiro ato em completo choque de desgosto.


O SEGUNDO ATO


Se anteriormente foi decidido não matar Chewie, e mantê-lo para os grandes nadas que ele faria até o final, do outro, a expectativa dos fãs para a vindoura morte de C3PO anunciada nos trailers acalentada os últimos riscos de esperança. Mas, repetindo a aura de imortalidade do filme, o mesmo tem apenas sua memória apagada, e ainda sem motivo futuro algum, a mesma é restabelecida em breve.


Outro fato curioso deste ponto da memória de C3PO, é o anúncio infundado de que o armazenamento de backup de R2D2 não é dos mais confiáveis. Está frase acaba sendo bastante solta e dubia ao ter em vista que o droid guardou os planos da estrela da morte, a mensagem da Leia e a localização do Luke por 30 anos. Isto apenas reforça a crescente falta de consideração aos filmes anteriores neste segundo arco, transformando Poe em um contrabandista assim como Han, e diminuindo os planos dos rebeldes na batalha de Endor. Se lá, durante o episódio 6, os mesmos tiveram de usar um veículo imperial roubado, com todas as configurações, para conseguir passar pelo escudo do império, agora, um simples pen drive em uma nave de sucateiros é o bastante.


Além deste dispositivo, vários outros objetos milagrosos compõem este ato. Pode-se até ser aceitável o fato de que só existam dois localizadores para os destroços da estrela da morte, visto que os siths sempre existiam em 2, ou o fato da adaga encaixar perfeitamente nos destroços já que o lado negronpermite ver o futuro. Mas o roteiro ainda assim peca em ao menos pensar que para se ter aquela visão específica de encaixe, é preciso estar em uma localização específica em terra.


Quanto aos localizadores, sua destruição causa duplamente um artifício de roteiro chamado de Deus Ex Machina. Para quem não está habituado ao termo, este se refere à prática de, em face de um grande problema na trama, criar uma solução milagrosa sem muitas explicações ou antecedentes. Isto ocorre de forma sutil no fato de Kylo ter decorado o caminho para o covil do imperador e fazer o percurso de cabeça, e de forma escrachada e jocosa quando um robô chamado D-O (literalmente Deus ex Machina) saber está localização. (Sem contar o fato de em Star Wars ter um robô traumatizado pelas coisas que viu, enquanto C3PO que cresceu com Anakin e participou de todas as guerras, permanece tranquilo).


Ainda neste arco dos destroços, Rey encarna Moana em seu bote improvisado, tendo de usar toda a força para navegar nesta travessia impossível e chegar até o seu objetivo. O que seria bem impressionante se Finn logo atrás fizesse o mesmo percurso com facilidade, para absolutamente nada. E após uma das lutas mais mal coreografadas da franquia, Rey atinge Kylo no mesmo local e com a mesma arma que este matou o pai, e salva-o desta sua segunda morte. Isto gera um dos momentos mais delicados do filme, pois a cena de redenção que deveria ocorrer entre mãe e filho, foi impedida pela morte da atriz. Porém, tendo em vista que Kylo nunca teve uma grande relação com o pai, que Harrison Ford claramente não queria estar ali, e que no episódio 8 Luke diz claramente "se me atacar eu nunca vou deixar você", transformar está redenção num momento mestre e aprendiz era o mais lógico, já que Kylo sucumbiu ao lado negro justamente em seu treino. Bem, aparentemente para JJ não era tão lógico assim.


Do outro lado, este fantasma do Luke esperava Rey tacar fogo na própria nave em uma tentativa de exílio, antes de aparecer para ela com mais uma alfinetada entre diretores. Se Rian Johnson havia ousado ao fazer Luke desprezar seu sabre, agora, JJ fazia o mesmo pegá -lo e dizer que não é assim que se trata uma arma sagrada. Inclusive, bastsnte sagrada já que havia sido partida ao meio no filme anterior e agora surgiu intacta, assim como a nave que ficou submersa 30 anos e funcionava perfeitamente.


Para fechar este maravilhoso segundo ato, Luke entrega para Rey dois sabres, de forma completamente gratuita, e sem explicação do porquê o sabre da Leia estar com ele, exilado, e não com ela.


O TERCEIRO E ÚLTIMO ATO


Muita coisa no cinema é e deve ser passada com uma certa suspensão de descrença. Por exemplo, seria impossível a construção da estrela da morte como uma estação espacial do tamanho de uma lua, por questões de tempo de trabalho e mesmo o investimento financeiro. No entanto, ainda assim a franquia se esforçou ao mostrar ela sendo construída por 20 anos e sendo financiada por uma grande ditadura galatica. No entanto, quando se tem 10 mil naves, com no mínimo 5 mil operadores em cada. Ou seja, 50 milhões de militares imperiais escondidos há mais de 30 anos, embaixo do nariz da nova república. A coisa muda de forma.


O terceiro é último ato do filme da sequência à todos os mesmos erros das partes anteriores. O passado da franquia continua sendo diminuído ao fazer os star destroyers terem o poderio da estrela morte, reduzindo a importância da mesma e toda a trama de esforço e sacrifício de Rogue One. E até mesmos estes são descartados ao mostrar que os raios de Palpatine superam até mesmo está frota absurda, e todas as ações do império nestes anos foi em vão.


Mas o problema desta parte espacial do clímax não tá nessa empreitada de Palpatine como o grande JK da galáxia que constrói naves embaixo do gelo, pra esconder em um planeta que jáé absurdamente escondido, ou no fato dele chamar a atenção dos rebeldes destruindo um planeta completamente sem importância, e que tinha mais stormtroopers do que habitantes comuns no momento. O problema está no plano base da rebelião, ao destruir a antena de comunicação que possibilitaria a saída dos star destroyers do planeta, e não notando que isso também impossibilitaria a saída deles próprios do planeta. A menos, é claro, que o roteiro deixe. Assim como o roteiro não repara que não faz sentido pousar a nave longe da antena e ir até ela de cavalos ao invés de já pousar na antena, ou que não faz sentido a primeira ordem atirar em speeders mas não conseguir atirar em cavalos. Em uma anticlimatica primeira cópia de vingadores ultimato em trazer todo mundo, a batalha que prometia ser maior que Yavin, Endor e tantas outras memoráveis, conseguiu ficar abaixo de momentos do episódio 1.


Em paralelo, Palpatine como um bom vilão de 007 revela seu maquiavélico plano. E ele, como tudo neste filme, é inacreditável. Basicamente o plano do grande imperador consistia em criar um clone seu, mas que fosse fisicamente diferente; fazê-lo seduzir o sobrinho de Luke Skywalker; trazê -lo para o lado sombrio com vozes e ideias quando ele achar o mapa que o imperador escondeu na fortaleza do Vader; ordenar que ele mate sua neta, já sabendo que ele o tentaria trair é levar ela para juntos destruí-lo; Para aí então ela o matar e seus espíritos fundiram em força. De fato, um pouco forçado e complexo demais para ter dado tão certo.


Curiosamente, o plano perfeito vai por água abaixo ao notar que esta bela diade da força entre Kylo e Rey pode fazê-lo rejuvenescer e ficar mais vivo, sem nenhuma necessidade de explicações, e este o faz o bastante para refazer sua roupa e parte do seu corpo, mas não até o final para matá -los e reviver por completo.


Neste momento, jogando Kylo em um buraco, este morre pela terceira vez.


Se a chegada das naves já era uma cópia vergonhosa da conclusão épica dos vingadores, o que dizer de reescrever o diálogo entre o Inevitável Thanos e o Homem de Ferro de forma quase literal? Ou então do grande ato de Rey ser segurar os raios de força do imperador com o sabre, como Obi Wan fez ao lutar com Conde Dooku, ou Mace Windu com o próprio imperador. Ou Yoda ao segurar estes mesmos raios com as mãos, mesmo sem ter o poder de todos os Jedi. De fato, grande surpresa esteve em ver o grande imperador Palpatine que foi desfigurado por seus próprios raios 50 anos atrás, sendo morto da mesma forma por não perceber que se o seu oponente está refletindo seu poder contra você mesmo, você para de atacar.


A batalha é coroada ao fim pelo beijo mais anticlimatico do cinema, entre a neta do Palpatine e seu bisneto, já que o imperador gerou Anakin Skywalker. Ben Solo usa a força para reviver Rey, como Obi Wan não ousou tentar fazer com Qui Gon, ou Anakin com Padmé. Ao contrário dos filmes 1 a 3 que pelo menos os minutos finais eram bonitos e bem feitos, aqui temos a entrega da medalha de Chewie após 42 anos, com Maz Kanada a roubando do cadáver de Leia, um beijo entre duas mulheres para tentar passar um pano sobre as decisões de JJ, e a destruição da mensagem mais importante desta trilogia.


Se desde o Despertar da Força acompanhamos Rey quebrando o paradigma da série em ser uma personagem empossada, que não precisava de ninguém que a salvasse ou pegasse em sua mão, e que conseguia alçar como uma pessoa importante para o mundo sem precisar ser filha de ninguém, agora a vemos negando suas reais origens ao dizer ser o que não é para tentar se encaixar no mundo.


Aproximando -se dos tão aguardados créditos, a vemos magicamente encontrando a casa dos Skywalker em Tatooine, e prestando homenagem à Luke e Leia no local onde Anakin foi escravizado com sua mãe, onde Luke tentava fugir todos os dias e viu seus tios sendo queimados, e Leia sequer conhece.


Mostrando no último segundo o sabre que ela poderia ter usado durante todo o filme, assim como Luke usou um sabre que ele mesmo construiu em O Retorno de Jedi, fechamos a saga com a mensagem de que sim, você precisa de um cara pra vir te salvar, e sim, o seu sobrenome importa pra você ser alguém, e você pode negar suas raízes e fingir ser quem você queria ser.

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