GoT: As Crônicas de Medo e Choro
- Pipoca de Pedra
- 20 de mai. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de fev. de 2020
O fim de uma era. Chega a conclusão da série que ajudou a moldar uma nova cara para a televisão mundial. Sendo uma das produções do formato com maior marketing e fandom, Game os Thrones traz o tão aguardado final agridoce que havia sido prometido.

Iniciado com as consequências diretas da chacina de Porto Real, iniciamos este último passo com a Tira a ascensão de Danearys sobre os sete reinos. Com cenas belíssimas de tirar o fogo, as parabenizações para a equipe de design e fotografia são constantes. Infelizmente, o mesmo não se repete quanto à direção e roteiro dos showrunners D&D. Em um arrastamento longo, de diálogos cansativos e sem grandes acontecimentos, o último episódio faz sentir a longa duração dos capítulos da temporada final. A falta de dinamismo tem quebras pontuais, em momentos chocantes como o lapso anarquista de consciência do dragão, que ao ver o corpo sem vida de sua mãe queima o trono que havia sido o motim de sua derrocada. Ao citar a morte da personagem, vale frisar a quebra de uma constância de boas atuações de Emília Clarke em uma cena plástica e mal executada. Quanto à John Snow, seu amado/ algoz/ sobrinho, uma explosão de estamos ao enfrentar a então rainha causa um grande estranhamento ao comparar suas ações e comportamento antes e depois da mesma cena. Ainda no viés do estranhamento, as cenas que seguem a reconstrução do cenário político de Westeros aposta numa comédia descabida, com piadas e momentos cômicos que beiram ao vexatório sobre um cenário pós-apocalíptico de morte e luto. Com uma reunião de lordes a fim de reestabelecer a ordem governamental, Tyrion conclui sua jornada com mais um de seus memoráveis discursos, mas agora causando gritos de surpresa e reprovação na casa dos espectadores. Brandon Stark, dentre as inúmeras apostas e teorias, é o novo rei dos reinos. O foco da série termina onde começou, nos Starks. Vemos Sansa como Lady de Winterfell, Arya como uma exploradora, Bran como o lorde que trará o verão aos povos e John como um fantasma branco da neve, fazendo uma rima narrativa com o nome de seus respectivos lobos. Ao fim, a conclusão das oito temporadas deixa uma enormidade de pontas soltas, em um agridoce mais puxado para o amargo. As discussões de religião e o embate entre os deuses antigos, novos e do fogo foi completamente deixado de lado, assim como as teorias de Valonqar, Azor Ahai e do Garanhão que montaria o mundo. A morte de Melissandre, Beric e vários outros personagens como o fechamento de arco de suas obrigações, deixam a dúvida de quais outros objetivos trazem a ressurreição de John, após ter matado a rainha que traria ainda mais mortes ao mundo. Ao final, muito pouco importou sua linhagem sanguínea real cuja explicação tomou a maior parte do tempo de tela deste último ano. Com expressões de interrogações, o público segue se perguntando sobre a importância da patrulha da noite na muralha, após o fim da ameaça ao norte, e se realmente era cabível um final feliz nesta história. O clima novelesco, com direito à uma vexatória metalinguagem, incomodou grande parte dos espectadores, que se dividem entre ansiosos para saber a versão dos livros, e completamente desgostosos com tudo o que virá atrelado a este universo. Se tirarmos a jornada com importância superior ao destino final, Game of Thrones manterá boas lembranças, mesmo entremeadas com o mau gosto de seu desfecho. Sua importância para a cultura pop é inegável, e já vem sendo sentida em produções mais recentes. Ao contrário das expectativas dos espectadores, a série se tornou exatamente o que foi profetizado: A Nova Lost.
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