Especial Quentin Tarantino – Parte 4: Os Roteiros Perdidos
- Pipoca de Pedra
- 2 de ago. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de fev. de 2020
Antes de iniciar sua carreira como o grande diretor hollywoodiano, Quentin Tarantino já fazia aquilo que marcaria sua carreira para sempre: Roteiros. Escrevendo uma adaptação para uma história de seu grande amigo Roger Avary (que seria mais tarde co-roteirista de cães de aluguel e pulp fiction), Tarantino conseguiu montar dois roteiros de filmes diferentes, e vende-los, gerando assim o caixa inicial de suas primeiras produções.
A primeira parte dessa história viria a ser chamada Amor à queima roupa (True Romance, 1993) e seria entregue para o jovem Tony Scott. O diretor que havia alçado o estrelato com o clássico Top Gun daria uma roupagem completamente nova ao roteiro, mas sem perder a essência que Tarantino mostrou ter desde sua primeira escrita: Diálogos marcantes, referências ao cinema clássico e à cultura pop, personagens secundários cativantes, e muito, muito sangue.

A trama segue Clarence (Christian Slater), um nerd aficionado por Elvis, quadrinhos e filmes de kung fu do Sonny Chiba (que uma década depois viveria Hatori Hanzo em Kill Bill), se apaixonando por Alabama (Patrícia Arquette), uma garota de programa contratada por seu chefe. Fugindo e casando-se, o casal irá acabar se deparando com uma mala de cocaína, e toda uma gama de desventuras e perseguições para sair desta vida do submundo.
Com uma trilha do gênio Hans Zimmer, e elenco bastante estrelado com nomes como Val Kilmer, Brad Pitt, Gary Oldman, Christopher Walken, e como a grande maioria dos filmes de Tarantino, Sammuel L. Jackson, o filme acabou causando prejuízo para a Warner Bros Pictures. Orçado em 12,5 milhões de dólares, o filme arrecadou 12,3 milhões no mundo, tendo o grande motim de seu lucro gerado no mercado de home vídeo.

O filme segue bastante desconhecido do grande público, sendo categorizado como um clássico cult, mas possui momentos grandiosos, como a eleita segunda melhor linha de diálogo de Tarantino (perdendo apenas para a abertura de Bastardos Inglórios), cenas com falas improvisadas de Brad Pitt e uma série de bizarrices no set envolvendo tapas na cara e uma cueca que passou dias sem ser lavada. No entanto, uma das maiores marcas da adaptação de Scott se deu por uma completa mudança no final escrito originalmente por Tarantino, apesar do original ter sido gravado e conter nos extras do DVD.
No ano seguinte, era hora de Oliver Stone (que vinha de clássicos como Platoon, Wall Street e The Doors) adaptar a segunda parte do primeiro roteiro de Tarantino. Porém, em meio a tantas adaptações e alterações na obra, não mais seria uma continuação da história de Clarence e Alabama, mas sim algo completamente novo e diferente.

A trama segue o casal Mickey (Woody Harrelson) e Mallory (Julliette Lewis) em uma jornada de amor e morte, onde exterminam cerca de 50 pessoas em 3 semanas. Ganhando grande notoriedade popular, por sempre deixar vivo uma vítima para contar a história, o casal vira uma grande atração nacional, em artimanhas do jornalista Wayne Gale (interpretado por um jovem Robert Downey Jr.).
Custando 34 milhões, o filme alcançou 50 milhões de dólares nas bilheterias. Mas para tal, teve de passar por uma edição de 11 meses, onde 150 cenas foram refeitas ou adaptadas para abaixar a censura. Ainda assim, as acusações de glamourização dos crimes acabaram banindo o filme em alguns países, e gerando ataques políticos e casos policiais.
Em uma estética bastante psicodélica, o filme traz referências à clássicos de Stanley Kubrick, e conta até com um nariz sendo quebrado de verdade em uma de suas cenas. Apesar de uma boa recepção do público, Tarantino desaprovou as alterações feitar por Stone, fazendo com que o mesmo lançasse seu roteiro original em forma de livro anos mais tarde. Tarantino só viria a escrever um filme sem atuar em sua parceria com Robert Rodrigues, mas isto, fica pra mais tarde, aqui, no especial Tarantino para a estreia de Once upon a time in hollywood.
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