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Especial Quentin Tarantino Parte 2 - Kill Bill

Atualizado: 28 de fev. de 2020

“O quarto filme de Quentin Tarantino”


Estas palavras proferidas no pôster e até mesmo nos créditos iniciais do filme, mostravam duas coisas. Uma, que apenas Cães de Aluguel, Pulp Fiction e Jackie Brown faziam parte de sua filmografia considerada. E segundo, que por algum motivo, que descobriríamos anos mais tarde, ele estava contado.


Kill Bill (inicialmente idealizado como um filme único, mas dividido em 2 partes por conta de sua longa duração), é mais um resultado das parcerias e amizades feitas por Tarantino em seus próprios filmes anteriores. Neste caso, a ideia partiu de diálogos entre Quentin e Uma Thurman, durante as gravações de Pulp Fiction, onde criaram uma personagem assassina vingativa, chamada de “A Noiva”. Na década seguinte, no ano de 2000, Tarantino não apenas idealizaria o filme como daria o protagonismo do mesmo para Thurman em seu aniversário de 30 anos.


O fervor de escrever Kill Bill foi tão grande, que fez Tarantino engavetar temporariamente o projeto Bastardos Inglórios, que só voltaria a ver a luz do sol quase dez anos depois. Sua ideia era um grande amalgama de influências que havia adquirido durante os 6 anos na locadora de vídeo, e nestes 12 anos como diretor profissional. Traços de Western Spaghetti, Kung Fu, Filmes de Samurai e Animes, eram englobados neste grande caldeirão cultural, disfarçado em uma história de vingança.



Na trama, dividida em 10 capítulos, acompanhamos uma confusa e embaralhada história de uma mulher que, ao ser baleada no dia de seu casamento, busca encontrar e assassinar cada um dos cinco culpados. Em um crescente exponencial acachapante, o que parecia ser um simples filme de ação com protagonismo feminino, evolui para um faroeste oriental, com treinamentos de artes marciais mistas, lutas de espada, e uma busca cega por uma filha perdida.


Tendo as gravações sendo adiadas por conta de uma gravidez de Uma Thurman, a primeira parte do filme veio a sair em outubro de 2003, com orçamento de 30 mil dólares, e retorno de seis vezes o valor investido. Custando o mesmo valor, a segunda parte teria sua estria em abril de 2004, rendendo inferiores 152 mil dólares, mas se saindo bastante superior na crítica especializada (62% e 86%). Durante as filmagens do volume 2, Uma Thurman sofreu um acidente de carro nas gravações, que foi abafado por anos pelos produtores, mas assumido por ela e Tarantino em 2018, junto de acusações de abusos vindo de Harvey Weinstein.


Assim que o filme entrou em cartaz, inspirados pelas influências encontradas nos longas anteriores, os fãs passaram a buscar as grandes fontes inspiradoras de Tarantino em sua mais recente produção. Os atores Sonny Chiba (Hattori Hanzo), da China e Gordon Liu (Pai Mei), do Japão foram convidados por sua grande experiência nas artes marciais orientais, enquanto David Carradine representava os Estados Unidos. Se vivo, Tarantino teria chamado o ator Bruce Lee para o longa, ficando ao menos duas grandes homenagens ao mesmo: o figurino de Beatriz (Uma Thurman) inspirado na roupa de Bruce Lee em O jogo da Morte, e as máscaras dos Crazy 88 na usada por Lee na série Besouro Verde.






O volume 1 segue grande influência de Lady Snowblood (Toshiya Fujita, 1973) onde uma mulher busca vingança contra aqueles que assassinaram sua família. A inspiração, além do enredo, engloba a personagem O-ren Ishii (Lucy Liu) e a luta das duas na neve. Já o volume 2 se inspira mais em A noiva estava de preto (Truffaut, 1968), onde uma jovem torna-se viúva no dia do casamento e segue uma jornada para matar os assassinos com métodos diferentes. Para a personagem Elle Drive (Daryl Hannah) gouve forte inspiração de They Call Her One Eye (Wikstrom, 1973), um clássico thrash sueco. Por fim, inspirações adversas e creditadas como à Sergio Leone, Sergio Corbucci, Lee Van Cleef, Kinji Fukasaku e ao mangá Lobo Solitário, compõem este amalgama cultural do longa.



Alguns personagens foram completamente retirados de fontes já existentes, alterando-se quase nada, como Gogo (Chiaki Kuriyama) que veio inspirada em Takako Chigusa, do filme Battle Royale, de grande apreço de Tarantino, onde ele conheceu a atriz e a convidou para reprisar o papel. Já Pai Mei era recorrente nos filmes de Kung Fu dos Shaw Brothers nas décadas de 70 e 80, inclusive referenciados no início do filme. A cena em anime foi bastante inspirada em Blood: The last vampire, tendo inclusive o estúdio IG convidado para fazer o segmento do filme onde vemos a origem de O-ren Ishii.



Se Cães de Aluguel foi marcado por recorde de palavrões, Kill Bill viria para garantir outra marca para Tarantino com 450 galões de sangue utilizados na produção. Além disto, uma versão exibida no japão trazia algumas cenas a mais de violência, tanto na parte live action quanto na sequência animada.


Kill Bill traz de volta atores já carimbados da filmografia do diretor (como Michael Madsen de Cães de Aluguel, Uma Thurman e Sammuel L. Jackson de Pulp Fiction), e um personagem que viria a ser recorrente. O Xerife Earl McGraw surge em Kill Bill vol. 2 como investigador do atentado à noiva, e retorna em Um Drink no Inferno 2, Planeta Terror e à Prova de Morte.


Começando a explorar a fascinação de Tarantino por pés, com uma longa cena nos dedinhos de Beatrix, o filme traz novamente as marcas criadas por Tarantino em seu universo, e fixa uma última vez sua assinatura de cronologia descontinuada, iniciando a história no sétimo capítulo. Tendo Tarantino como presidente do Juri no festival de Cannes daquele aano, o filme apenas ganhou uma exibição exclusiva de sua versão completa, Indicação a melhor atriz no globo de ouro, cinco indicações ao BAFTA e uma ao grammy de melhor trilha sonora.


Com referências à Star Trek e Superman, o filme mais nerd de Quentin Tarantino tornou-se também o mais pop, e ainda hoje os fãs clamam por um terceiro volume tendo Nikki, Elle Driver e Sofie. E você? Pegou todas as referências?






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