Mil Vezes Superman
- Pipoca de Pedra
- 3 de mai. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de fev. de 2020

Olhe, lá no céu!
Mais rápido que uma bala, mais potente que uma locomotiva, capaz de saltar prédios com um só pulo. É um pássaro? É um avião? É o SUPERMAN!
Criado em abril de 1938 pelos judeus Jerry Siegel e Joe Shuster, originalmente pensado como um vilão megalomaníaco que queria dominar o mundo, o homem de aço aos poucos foi moldado como um símbolo de esperança para a humanidade, e o primeiro super-herói do mundo. Em junho daquele mesmo ano chegavam às bancas Action Comics #1, onde um cara de colan azul, e uma cueca vermelha por cima da calça (tal qual os lutadores de luta livre, símbolo de força na época) atirava um carro contra a parede. Apesar do fenômeno descomunal, ninguém imaginava o impacto que aquele pequeno gibi iria causar.
(Action Comics #1)

Nos quadrinhos, superman inspirava jovens de todo o mundo à criar outros super-heróis que seguissem esta nova moda mundial. Alguns completamente diferentes, como Batman, Mulher Maravilha e Flash, contrastavam com demais incrivelmente semelhantes como Shazam (originalmente chamado de capitão Marvel).
(Nos quadrinhos, Superman chegou a enfrentar até mesmo o boxeador Muhammad Ali)
Ao fim dos anos 50, findava-se também a Era de Ouro dos quadrinhos, iniciada com a criação do herói. E foi na Era de Prata onde o último filho de kripton ia mostrar seu verdadeiro potencial. Deixando de lado parte de seus poderes exagerados, como carregar planetas, ou acabar a guerra juntando Hitler, Stalin e Churchill na mesma sala, Superman ia sendo moldado como o grande líder de uma nação, e fonte de inspiração para despertarmos o que há de melhor em nós mesmos. Fomos apresentados à Supergirl, Krypto e demais personagens que junto com Lex Luthor, Lois Lane e o planeta diário, iam aos poucos construindo uma enorme mitologia própria para o herói.

Foi também nesta época, que tivemos a chance de voltar a vê-lo nas telonas, agora em cores, e com grande elenco. Concebido por Richard Donner e Mario Puzo, Superman: The movie, era o filme de super-herói definitivo. Não bastasse o roteiro audacioso, porém leve, divertido e principalmente empolgante, o longa trazia com uma trilha genial do mestre John Williams, e atuações precisas e eternizadas por Marlon Brando, Gene Hackman e Christopher Reeves, o homem que nos fez acreditar que podíamos voar.

Obviamente que o grande sucesso nos cinemas iria gerar uma série de sequências, onde a qualidade não conseguiu se manter, sendo decrescente até o quarto e último filme da safra. Nas telinhas, Lois & Clark aquecia o coração dos apaixonados, com a constante promessa de um casamento entre os dois repórteres. Para acompanhar o evento também nas páginas do gibi, Dan Jurgens viu que precisava de algo grande para agradar os leitores até o dia do casório. Era hora de matar o Superman.
Seguindo uma constante em seus antagonistas, o homem de aço alternava entre vilões de extrema inteligência, capazes de aprisioná-lo com armadilhas, aproveitando-se de sua bondade e inocência, e demais de extrema força, gerando combates brutos e devastadores. O superman da Era de bronze, criado por John Byrne, era mais “crível” e com o espírito de bondade e liderança mais próximo do que temos hoje. E foi este superman que vimos morrer pelas mãos de seu Apocalipse, e retornar de forma triunfal para os braços dos fãs. Com sua morte, retorno e casamento, o primeiro herói voltava a atingir também o topo das vendas.
Nos anos 2000, uma reformulação nos quadrinhos ganhava o nome de Era Moderna, e nosso grande herói começou a ganhar seus primeiros grandes clássicos nas HQs. Jeph Loeb contava os primeiros dias de Kal-El como um vigilante uniformizado em As Quatro Estações, enquanto Mark Waid definia um inicio alternativo, em O Legado das Estrelas, onde Clark e Lex eram amigos de adolescência (conceito reaproveitado na série Smallville). Em identidade secreta, víamos o impacto do herói no mundo real, e em Entre a foice e o martelo, sua versão alternativa da Rússia Comunista.
Mas o verdadeiro super-homem seria mostrado pelo traço eterno de Alex Ross. Seja na Graphic Novel Paz na terra, onde vemos o herói num enorme dilema para tentar curar a fome no mundo; ou em Reino do Amanhã, onde uma versão envelhecida do superman retorna do exílio para trazer seus conceitos básicos de heroísmo para uma nova geração. Ao fim, Grant Morrison trazia de volta o espírito clássico do herói, com a história definitiva em All Star Superman. Um clássico moderno surpreendente.

(Página de Grandes Astros Superman, onde o herói convence uma jovem a não se matar)
No áudio visual, visões distintas do personagem também eram tratadas. Se de um lado Bryan Singer trazia um superman mais clássico, ingênuo e simbólico, do outro tínhamos Zack Snyder com um Superman mais bruto, inexperiente e cru. No novo DCEU vimos o Superman matar, destruir uma cidade durante uma luta, ser julgado, morrer, e por fim retornar com seus ideais originais. O reflexo disto estava nas páginas da Action Comics, onde o Superman dos Novos 52 se mostrou mais violento e iniciante, até morrer e retornar com uma roupagem mais condizente no chamado Renascimento.
Este ano, ele completa 80 anos de sua primeira aparição. Sua HQ principal atinge o número 1000, e o filme que o eternizou está em seu 40º aniversário. Mas será que sua ideologia foi repassada de forma correta durante todo este tempo? A visão de um ser que defende uma terra que não é a sua, e que apesar de ser o mais forte do mundo, tem como principal poder a força de despertar essa mesma força no coração de cada um.
A mensagem do Super-homem é maior do que o personagem. É o que o torna eterno. É o que faz sentir-nos cada vez mais... Super.

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