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6h: Revelações nas areias do planeta vermelho

Atualizado: 28 de fev. de 2020

O relógio do juízo final aproximasse cada vez mais das temidas doze badaladas. Tendo nossos personagens bem definidos e explorados, Watchmen começa a fechar as últimas lacunas de seus flashbacks. Desta vez, com Dr. Manhattan e Laurie nos desertos áridos de Marte, uma colcha de retalhos e lembranças são postas para que o leitor mate a charada que estava embaixo de seus narizes o tempo todo.


Cada vez mais a obra conversa com questões de Nostalgia, e como este sentimento pode trazer boas sensações, mesmo quando a lembrança original era ruim. Isso acaba se contrapondo com a presença de Dr. Manhattan como um personagem sem lembranças, que enxergar seu presente e futuro de forma tridimensional. Isto reforça o paralelo entre a ótica de Manhattan e do Comediante como heróis fatalistas que, ao invés de tentarem mudar destinos pré-determinados, optam por analisar os fatos e tentar extrair algo deles. No entanto, seus destinos divergem quando a fatalidade de Comediante ocorre quando o mesmo perde completamente a fé na humanidade, vendo que a mesma será extinguida uma hora ou outra, enquanto Manhattan retoma esta humanidade em seu diálogo com Laurie.


Por mais que pareça banal trazer neste ponto da história uma revelação quase novelística de quem é seu verdadeiro pai biológico, em face da magnitude do desfecho que se aproxima, mas é este completo acaso do destino que faz o ser mais poderoso do universo perceber que toda vida é um milagre. Em meio ao caos niilista de Watchmen, esta mensagem otimista é um grande respiro otimista no texto de Alan Moore.


Em paralelo, na terra, a música “All Along the Watchtower” é colocada em paralelo com nossos personagens. Apesar de aparecer somente agora no décimo capítulo, a canção originalmente escrita por Bob Dylan traz grandes paralelos entre um Coringa e um Ladrão (que seriam representados por Comediante e Ozymandias), que em face de um fim iminente encaram de forma distintas o desfecho da humanidade. Ao fim, dois cavaleiros se aproximando associa-se à Rorschach e Coruja descobrindo o plano de Veidt e se aproximando do grande clímax da história.


Apesar da obra se firmar em contrastes e contrapontos, é louvável ressaltar a habilidade de Moore e Gibbons na construção de Rorschach e Coruja como uma dupla de heróis que se completa em suas falhas e especialidades, e que são capazes de acalmar um ao outro em momentos de estresse. Porém, é também necessário analisar que a temática de guerra fria em apocalipse nuclear iminente acaba datando de certa a forma a história e reduzindo sua atemporalidade.


Ao fim, este penúltimo par de capítulos fecham as últimas pontas soltas com grandes revelações, e direcionam todos os nossos protagonistas para o tão esperado encontro final. Tendo o presidente colocado o país em DEFCON 2, e a tensão sendo abordada no cenário da banca de revista onde reúnem-se os coadjuvantes, Watchmen torna-se, ironicamente, uma corrida contra o tempo.

Mas diga-nos você, o que está achando desta revisita à Watchmen? A tensão construída pelos personagens funciona até hoje? Não perca no próximo texto do ESPECIAL WATCHMEN, a análise completa do final desta história.

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