top of page

5h: A nostalgia por trás das capas

Atualizado: 28 de fev. de 2020


Iniciando a quarta parte desta excelente releitura de Watchmen, voltamos a tocar em um dos temas mais recorrentes da série: Nostalgia. Mas não apenas o perfume de Adrian Veidt que sempre permeia a história como easter egg toda vez que um personagem vai relembrar o passado, mas sim o sentimento de falta do passado que estarrece tanto os novos heróis que abdicaram suas capas por conta da lei Keene, quanto os pioneiros deste vigilantísmo que estão velhos demais para a ativa.

O foco neste ponto se dá ao Coruja 2 e sua amiga Espectral 2. Ambos compartilham a experiência de ter dado segmento à cruzada heroica de heróis do passado. No caso de Dan, seu nome e vestes reverenciam o Coruja original como a idolatria de um grande fã. Já para Laurie, foi uma herança familiar vindo de sua mãe, a Espectral original.


Seja o jovem casal ou seus antecessores, constantemente namoram a memória de poder fazer algo, principalmente em face da guerra mundial iminente e da ausência de Dr. Manhattan na terra. Isso acaba sendo extrapolado em níveis extremos e íntimos, com Dan tendo pesadelos de apocalipse atômico, e tendo uma incompleta incompetência sexual por sentir-se impotente em face desta situação.


Outros paralelos são postos a prova, seja em Laurie somente perceber a beleza de seu companheiro quando este retira seus óculos (como se fossem sua máscara), e no constante comparativo que Moore e Gibbons traçam entre a guerra e o sexo, tanto no inconsciente de Dan, quanto na recorrente figura dos “Amantes de Hiroshima” pixados próximo a banca de jornal e atormentando as memórias de infância de Rorschach.


Indo mais para o viés do vigilantísmo, a cruzada do Coruja cada vez mais se aproxima do Batman. Orfãos, milionários e cheios de gadgets em uma caverna, além da óbvia associação com os animais noturnos ao qual ambos vestem. Os que os diferenciam, no entanto, é que enquanto o morcego de Gotham preze pelo trabalho solitário, Dan sonha com uma super equipe que funcione como os cavaleiros da távola redonda do Rei Arthur.


Em contraponto, pouco se aprofunda em Laurie. A heroína sem máscaras ou distinção entre sua vida privada e heroica não demonstra intenções de salvar o mundo, como Rorschach e Ozymandias, nem sede de sangue como o Comediante.


Estes temas são aflorados na parte seguinte, com Holis Manson ligando para sua antiga companheira Espectral. Paralelo ao resgate de Rorschach na prisão, Holis seria morto por um grupo de jovens que acreditava ser ele o tal Coruja culpado de soltar o vigilante. Neste interim, é aprofundada a questão de liberdade de opressão, seja física no caso de Rorschach, seja espiritual em Dan e Laurie. Para Sally Jupiter, a libertação veio em ser lembrada por alguém que remeta ao seu passado ensolarado. Para Holis, a morte.


Na próxima parte relembraremos os capítulos IX e X desta obra prima dos quadrinhos, estando a poucos passos do final derradeiro. Até lá.

5 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page